sexta-feira, 1 de maio de 2009

Semiótica Peirceana

A definição de signo como uma ação triádica interpretadora (signo-objeto-interpretante) é o conceito principal da Teoria Geral dos Signos, do matemático, cientista, filósofo norte-americano Charles Sanders Peirce (1839-1914).

A Semiótica Peirceana é uma teoria sígnica do conhecimento, de caráter amplamente geral, uma teoria semiótica que se volta ao estudo de todo e qualquer tipo de representação, inclusive das representações da comunicação.


Fenomenologia Peirceana

Os modos de operação do pensamento-signo dividem-se em três:

Primeiridade

É monádica: não tem unidade nem parte. È indivisível, qualidade da consciência imediata é uma impressão, invisível, não analisável, frágil. Tudo que está imediatamente presente à consciência de alguém é tudo aquilo que está na sua mente no instante presente. O sentimento como qualidade é, portanto, aquilo que dá sabor, tom, matiz à nossa consciência imediata, aquilo que se oculta ao nosso pensamento.

A Primeiridade é pura possibilidade, aquilo que é em si mesmo sem reação com nenhum outro. Aquilo que ainda não é. É o pode ser. O primeiro é aquilo que é tal que é independente de outra coisa. È o puro sentir. È qualidade de sentimento. È novidade, vida, liberdade. É a sensação pura, sem percepção objetiva, vontade ou pensamento.

Exemplos:
  • O presente
  • Qualidade de sentir
  • Artista é voltado a primeiridade
  • Nuvens passando formando imagens que logo mudam
  • Secundidade

    É diádica. Real, concreta, factual, atual.

    O simples fato de estarmos vivos, existindo, significa, a todo o momento, que estamos reagindo em relação ao mundo. Existir é sentir a ação de fatos externos resistindo a nossa vontade. A Secundidade está baseada no conflito, ela obriga apensar, da experiência por seu caráter de luta e confronto.

    Na Secundidade, temos o signo degenerado. Algo força o outro a ser o que ele é.

    Exemplos:
  • O estado de vigília
  • Memória
  • Jornalista
  • A dúvida
  • O passado
  • Terceiridade

    Primeiridade é a categoria que da à experiência sua qualidade distintiva, seu frescor, originalidade irrepetivel e liberdade. Segundidade é aquilo que da a experiência seu caráter factual, de luta e confronto. Finalmente, Terceiridade corresponde à camada de inteligibilidade, ou pensamento em signos, através da qual representamos e interpretamos o mundo.

    É triádica. É generalidade, infinitude, síntese, hábito, tempo. È representação. È interpretação do mundo. O terceiro é aquilo que une um primeiro e um segundo em uma síntese através da mediação.

    Exemplos:
  • Pomba branca representando a paz

  • Uma senha

  • Uma insígnia

  • A estrela de cinco pontas representando a Wicca


  • Tipos de signos


    Pierce designou a existência de dez tricotimas e sessenta e seis classes de signos, algumas delas não foram suficientemente detalhadas por ele, o que se restringiu a segunda Tricotomia dos Signos conforme a relação entre o signo e o objeto.


    Ícone

    Representa o objeto por similaridade, possui as mesmas características que o objeto. Mantém o mesmo significado mesmo que o objeto desapareça. È um signo revelador.

    Exemplos:
  • Um quadro abstrato
  • A escultura de um homem
  • A fotografia de uma paisagem
  • Desenho de uma mulher
  • Índice

    Funciona indicando uma outra coisa com a qual está ligado, não por semelhança, mas por proximidade. È como uma marca. È um signo repetidor.

    Exemplos:

  • Um dedo apontando alguma coisa
  • Uma batida na porta
  • Fumaça
  • Um cata-vento
  • Rastros, pegadas
  • Símbolo

    Não tem relação com a coisa representada. Têm um índice como parte dele e um ícone também. É um signo mental.

    Exemplos:

  • A cor verde como símbolo da esperança
  • A cor vermelha significando paixão
  • Todas as palavras, livros, frases.
  • Uma senha
  • Retrospectiva Histórica da Semiótica

    Grécia: medicina

    Para Platão:
    –Signo (semeion)
    –Significado (semainómenon)
    –Objeto (pragma

    Trata-se de estabelecer as relações entre signo, seu significado e o fato específico. Somente no Séc. XIX, Peirce retoma o estudo desta relação entre esses 3 conceitos . Aristóteles utilizou várias noções relacionadas à semiótica, como “doutrina dos signos”, “arte dos signos”, “arte dos signos”(semiotiké), “signos” (sema ou semeion), etc.

    Já na idade média se desenvolveu uma ciência dos signos, uma “scientia sermocinalis”, que envolvia a gramática, a lógica, e a retórica, e adotava uma posição muito próxima a teoria anterior da antigüidade.

    Na transição da idade média para a idade moderna > poucas alusões.

    As investigações metodológicas de Leibiniz, por exemplo, conduziram às três tramas da semiótica:

    –ars característica
    –ars combinatoria
    –ars inveniendi

    A semiótica se aperfeiçoou especialmente nas escolas de medicina. Elaborou-se um sistema médico dos signos (Reimers, 1983), em conexão com a filosofia grega. Desta forma a medicina tentava identificar e interpretar os signos.

    Formas atuais da teoria dos signos

    A Semiologia surgiu das ciências lingüísticas.

    A Semiótica, no sentido atual da palavra, surgiu do pragmatismo americano.